quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O direito ao fumo



Rodrigo C. Vargas

Quem considera essencial um cigarro depois do almoço, do sexo, no trânsito ou até mesmo no trabalho vai ter que readequar as considerações. O combate ao tabagismo no Brasil ganhou ainda mais força esse ano. Desde maio, o Estado de São Paulo adotou lei que proíbe cigarro ou derivados de tabaco em ambientes de uso coletivo, públicos ou privado, total ou parcialmente fechados em qualquer um dos lados por parede ou divisória. Na última terça-feira foi a vez do Estado do Rio de Janeiro. No Ceará o projeto de autoria do deputado Dedé Teixeira (PT), foi aprovado desde o dia 15 de julho e aguarda apenas a sanção o governador. Mais flexível que as leis implantadas no sudeste, a cearense respeita os cultos religiosos em que o fumo faz parte do ritual, as residências e também instituições hospitalares com pacientes autorizados por seus médicos a fumar. Respeitando assim o direito individual de escolha.

A guerra contra o fumo não começou agora, e para quem acha que as restrições são pesadas demais, vale à pena dar uma olhadinha na história. Em 16 de setembro de 1586, o rei espanhol Felipe II ordenou, mediante um documento real, que a folha de tabaco fosse publicamente queimada como erva prejudicial e danosa. Em 1590, o Xá persa Abbas-Sofi determinou a pena de morte para todos que utilizassem o tabaco de qualquer forma. Em 1607, o Shogun de Tokugawa condenou os fumantes japoneses a 50 dias de prisão, além do confisco dos bens. Em 1622 a Turquia do sultão Amurates cortou orelhas e a ponta do nariz de quem fumava. Por último, em 1645, a Rússia do Czar Alexis deportou para Sibéria todos os fumantes, que por lá ainda receberam castigos que iam da tortura a pena de morte.

A estimativa é de que mais de 22% da população brasileira fume. Os custos anuais do sistema público de saúde com o cigarro passam os 330 milhões de reais, o que equivale a 7,7% do custo de todas as internações e quimioterapias no país.

A partir dos anos 2000 os governos apertaram o cerco ao tabaco, a ponto de estrangular. Festivais de musica como o Free Jazz Festival, times esportivos como a Marlboro Maclaren, ou qualquer tipo de propaganda foram extintos. No Brasil as carteiras de cigarro passaram a trazer em sua embalagem fotografias de fumantes mutilados, ou a beira da morte. Além disso, a indústria do tabaco teve de reduzir níveis de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono e ficou proibida de usar termos como "baixos teores", "suave" ou "light". O Glamour da metade o século passado ficou por lá. Aos saudosistas restam os discos - como Manera Fru Fru Manera lançado por Fagner em 1973 trazendo em sua capa um maço de cigarros ao lado da foto do musico - a moda e o cinema, lights off.

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