sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os primeiros foram os últimos‏

Rodrigo C Vargas

O mundo festeja eufórico a vitória de Obama nos Estados Unidos. O que isso representa? É preciso deixar a poeira assentar, e buscar compreendê-la não como um fato isolado, mas como parte de um movimento. Não é fácil apontar o início, mas pode se dizer que o desmembramento da União Soviética, no fim dos anos 80, levou os Estados Unidos a perderem sua contra imagem - ou melhor - sua identidade. Foi a morte cerebral do capitalismo.

O ponto de partida politico do que vivemos hoje, pode ter sido em 1994, quando o líder da resistência contra o apartheid, Nelson Mandela, foi eleito presidente da África do Sul, na primeira eleição multirracial de sua história. Aqui no Brasil sentimos isso oito anos depois. Lula foi o primeiro líder de um partido de esquerda eleito presidente e, no cargo, o primeiro operário e o primeiro civil sem diploma universitário a exercê-lo como titular. A desconstrução do poder ganhou força. Em 2004 Angela Merkel era eleita chanceler alemã, se tornando a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país. Dois anos depois aconteceu o mesmo no Chile, com Michelle Bachelet. Ainda no mesmo ano, a Bolívia elegeu Evo Morales, o primeiro presidente de origem indígena. Em 2008, uma sucessão de acontecimentos reforçou as mudanças de posicionamentos políticos no mundo. Em fevereiro, Raúl Castro, irmão de Fidel, foi eleito presidente de Cuba, prometendo mudanças, um Estado menor e mais tolerante. Em abril, o religioso Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai, colocando fim à hegemonia de mais de seis décadas do Partido Colorado. Em setembro a chanceler Tzipi Livni foi eleita líder do Partido Kadima, se tornando a mais poderosa israelita desde Golda Meir. Livni foi a primeira voz no governo israelense a reconhecer que ataques da guerrilha palestina dirigidos a alvos militares não são “terrorismo” e reservar esse rótulo para ataques a civis. Por último, quarta-feira passada, Barack Obama foi eleito - fugindo de rótulos como afro-americano, terrorista, elitista e comunista - o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos.

Portanto, são muitos os fatos que demonstram claramente uma mudança de rotação ideológica das massas. Agora, é preciso ter os pés e a cabeça no lugar para entender que o sistema capitalista ectoplasmado sabe muito bem amortecer os ícones periféricos. Basta observar quais mudanças significativas tivemos até agora. O capitalismo é um organismo vivo (crer ou entender), um circulo vicioso e potente que puxa para o próprio núcleo - como um redemoinho - quem busca uma figura geométrica diferente. Será que com Obama tudo vai mudar?

Um comentário:

Anônimo disse...

Se com Obama vai "isso" mudar...
Eu não sei .

De qualquer forma ao sair feche a porta e apague a luz.