quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Circuit break canarinho

Rodrigo C. Vargas

Domingo, dia 12 de outubro. A seleção brasileira venceu fora de casa, no Estádio Pueblo Nuevo em San Cristóbal, a seleção da Venezuela por 4 a 0. Na terça-feira, em plena crise mundial, a Bovespa seguiu o mercado internacional e teve uma alta histórica de 14,66%, a maior desde janeiro de 1999. No dia seguinte, A Bolsa de Valores de São Paulo registrou a pior queda em dez anos, 11,39%. No jogo seguinte, a seleção brasileira empatou em pleno Maracanã em 0 a 0 com a Colômbia, mantendo a marca de não vencer dois jogos seguidos numa eliminatória para a Copa do Mundo, há cinco anos.

O que uma coisa tem haver com a outra? Eu explico! O mercado mundial entrou em recessão porque há muito tempo trabalha com operações fantasiosas. Essa prática especulativa caiu nos campos de futebol como a jogada mais interessante desde o seu surgimento. O faturamento bruto anual da CBF é de aproximadamente 46 milhões de euros, da equipe espanhola do Real Madrid é quase 300 milhões, e Ronaldinho Gaúcho, segundo levantamento da revista americana Forbes, faturou cerca de 27 milhões de euros somente em 2007. Essa gangorra monetária futebolística tem a mesma raiz: lucro a qualquer custo.

Não há virtude alguma em operar nesses dois campos. Ganha mais aquele que consegue ser mais esperto, e para que isso aconteça alguém tem que sair perdendo. Nos dois casos as classes mais baixas são as mais afetadas. No mercado com a falta de crédito, juros altos, inflação e falta de emprego. No futebol com a perda da identidade nacional (fomentada nos anos de chumbo) e na decepção com o esporte, último refúgio de prazer. Bancos e instituições financeiras americanas, européias e asiáticas faliram, não agüentaram a pressão. Quem reconhece o craque em atividade? O Fenômeno? O Imperador? Superlativos de carne e osso.

Me faz lembrar uma história contada por um amigo. Numa cidade do interior um senhor tinha um cavalo muito rápido, forte, orgulho daquele homem. Um dia, um espírito de porco resolveu apostar uma corrida breve, de três quilômetros, entre o tal cavalo e sua moto. O velho aceitou. A cidadezinha parou todos queriam saber quem seria o vencedor; o animal, ou a maquina. Largaram! A corrida foi disputada até o último metro. O cavalo, superior, passou a linha de chegada em primeiro. Trotou e caiu morto. O veterinário veio, examinou e disse meio sem graça que aquele animal era mesmo especial. O velho atordoado perguntou por que ele tava dizendo aquilo se o bixo estava morto. O veterinário então encarou os olhos trêmulos daquele senhor e disse que o cavalo tinha morrido há uns mil metros e que tinha chegado só no embalo. O que quero dizer é que a maioria de nós está no embalo do cavalo morto. A queda desses mitos representa o fim de um modelo baseado na exploração das massas, da fé, da miséria e da ignorância. Próximo!

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